quinta-feira, 9 de setembro de 2010

TCHAU, TATÁ!

Esta semana nos despedimos de uma companheira querida que por 14 anos dividiu conosco alegrias, sonhos, tristezas, frustrações, mudanças e tudo mais que compôs nosso dia-a-dia. Alguns momentos magníficos e outros péssimos foram relatados a ela, que sempre nos ouvia com carinho, paciência e solidariedade, demonstrando seu apoio com lambidas carinhosas ou uma patinha sobre nossas mãos. Pois é, a Tatá era nossa colega canina que, patriota, decidiu mudar para o outro lado em pleno sete de setembro, nos deixando com uma tristeza branda na alma. Até nesse momento ela foi como sempre era: discreta e tranqüila, nos poupando de vê-la agonizar e sofrer. Conforme escrevo este texto penso no quanto esta criaturinha que falava conosco através do olhar contribuiu para nossa felicidade.

Ela chegou com pouco mais de dois meses, irressitível em seu casaco de manchas brancas e pretas, olhinhos castanhos, jeito sapeca e simplesmente, ficou. Não sei quem a deixou em nosso portão, mas sou muito agradecida a este desconhecido pelo presente que nos deu. Seu nome veio do desenho da Cinderela, pois assim como o ratinho Tatá, era gordinha, comilona e cheia de graça. Simpática, brincava com todo mundo e tinha um fraco pelo jardim, que até pouco antes de adoecer, cavava com vigor, até ficar com metade do corpo enfiado na terra escura. Avessa a banhos, fazia corpo duro cada vez que via sua colega entrar em um, sabendo que seria a próxima da fila.
Este anjo canino cresceu com meus filhos e ouviu deles segredos da infância e da adolescência, conheceu amigos, namorados, paqueras e ajudou a colar corações quebrados e desiludidos, sempre com carinho e benevolência. Nunca nos negou conforto, carinho ou companhia, assim como nunca negou ao carteiro, ao guarda-noturno e ao lixeiro veementes latidos de protesto.
Era uma amiga e se foi. E amigos, quando se vão, deixam espaços vazios que jamais podem ser ocupados por outros amigos; eles têm lugar cativo, espaço reservado, poltrona numerada.
Fiquei vários minutos acenando para o carro que veio buscá-la, parada em frente ao portão no dia cinza e gelado, pensando que a tristeza é sempre de quem fica e torcendo, de todo o coração, para que exista mesmo um céu dos cachorros, porque se ele for real, Tatá já havia garantido, em vida, um lindo jardim para esburacar, muitos carteiros para emplicar e uma pilha de ossos para roer.

RIP Tatá, a gente ama você!

*Sei que fugi do assunto do blog e espero que me perdoem por isso, porém entendo que escrever é apenas uma representação gráfica do sentir e que sem ele de nada vale qualquer texto...

4 comentários:

  1. A escrita nada mais é do que querer compartilhar, e notamos aqui o porquê a escrita existe. Pudemos sentir também seu amor por este ser que, com certeza, simplesmente, ficou! Mais uma história para contar e lembrar do porquê a vida e a escrita valem a pena! Grande beijo, e um abraço para vc também, Laura! De sua amiga Vanessa

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  2. Ai de quem me diz que os animais são "meros animais irracionais". Ou nunca teve um ou é desprovido de sentimentos. Essas perdas doem muito.
    Beijo grande, Laura.

    Ivan Bueno
    blog: Empirismo Vernacular
    www.eng-ivanbueno.blogspot.com

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  3. Oi, Vanessa, querida! Desculpe a ausência, a vida anda mais agitada que funk carioca por aqui.
    Obrigada pelas palavras, ela realmente ficou!
    Beijo no seu coração de princesa!

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  4. Sabe, Ivan, acho que irracionais são os homens, que sabendo ser providos de razão, decidem esquecê-la. Os bichinhos são puro amor e boa vontade, a gente é que é impossível.

    Beijo grande.

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