[ferros.
domingo, 31 de outubro de 2010
Coisas bonitas
[ferros.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Do outro lado da língua
domingo, 24 de outubro de 2010
“Minha pátria é minha língua”
domingo, 17 de outubro de 2010
Um incentivo à vida
sábado, 16 de outubro de 2010
A delícia do desigual...
Já me disseram que isso é alguma tentativa de salvar a minha alma (também feia) ou resignar os meus complexos (também feios) de não ser exatamente bonita (mas nem feia!). Talvez. Não ter traços e formas perfeitas nunca me causou grande desconforto. Melhor: causou desconforto naquela época da adolescência em que a amiga loira é sempre a cortejada pelos fortões do fundo da sala. Passada a fase da castração do louvor próprio, nós, mulheres imperfeitas, descobrimos que um movimento com a mão, uma frase bem empregada, um olhar derretido, uma ou duas tiradas sacanas vencem qualquer atributo divino impregnado no DNA da tal amiga. No final das contas, entendemos que elas eram bem das chatinhas e eles, os garanhões, uns babacas de marca maior. Por isso, ou pela dialética do meu papo doce e pérfido, eu nunca estive sozinha.
Abusando da Martinidade (salve a Vila, salve ele, salve Martinho!), eu já tive homens de todas as cores, várias idades e muitos amores. E feios (se vc foi meu amor, entrou no blog e ficou ofendido, desculpe. Provavelmente não estou falando de vc). Os bonitos - e houve alguns lindos - não conseguiram me matar de paixão. Pelos perfeitos, de testa retinha, boca desenhada e corpos com divisões claras entre os músculos, não chorei uma semana. Pelos que não se enquadravam, os vesgos, caolhos, de andar cambaleante, óculos grossos e algum desaviso, eu quis morrer, cortar os pulsos.
Pode ser coincidência, claro que pode, mas acho mesmo que é uma opção do olhar. Meu desejo vem no frêmito da imperfeição. E só Deus (e os meus suores) sabem da malemolência das paixões de rodapé. O cantinho mais escuro - e onírico - do desajuste me interessa mais do que a mesa bem posta e a luz direta. A via de contramão é sempre (um) melhor caminho. E os homens que não sorriem com dentes perfeitos, aiai, mordem como ninguém.
* moço do meus encantos: vc é o único que conjuga a perfeição de um deus com a virulência do meu espanto em carne, osso e líquidos, viu? :-)
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
“Impressoes do tempo que muda em segundos”
Em certo momento, encontrei-me adulta numa vida solitaria, vontades pareciam dificuldades para serem minha luta, sem interesse alheio. Pensei estar sozinha, mesmo entre amigos, no trabalho de realizar. As situacoes duras e frias me mostravam apenas uma escuridao para encontrar meu caminho.... pensei que os trabalhos em equipe fossem apenas brincadeiras de crianca de um passado ilusorio. Foi enquanto eu comecava uma jornada cega. Mesmo assim, continuei ate o fim ja sabendo que o prazer viria no primeiro sinal de vitoria...
A vitoria foi encontrar pessoas dispostas a estarem juntas, nao apenas para a realizacao de sonhos, mas para uma vida em conjunto, para dividir os ingredientes, o momento de cozinhar e o sabor da comida. Saudei quando descobri que o problema anterior era meu relogio interno que estava des-regulado numa cidade que nao via o tempo passar, e que eu havia me deixado levar pela ilusao da sensacao do tempo.
Aproveitando melhor a vida onde dizem que nao se leva nada embora, sobra tempo para viver pequenas companhias, como a cor do reflexo da rua, o som da agua do quintal, o canto de raros passarinhos ou o sabor delicioso daquilo que nao se gosta na hora da fome. Se parar o tempo, tudo parece melhor para saborear. Aqui morre um ponto de vista para dar lugar `a mais uma experiencia de vida.
Blog-se
Nao sei bem se ‘e efeito das cidades ou do tempo, mas alguns buscam a perfeicao do outro. Alguns acreditam que ‘e preciso criticar e falar sobre o que acontece no mundo (inclusive essa ‘e a minha profissao: o jornalismo). Comentar a transicao talvez seja a necessidade de documentar a evolucao e no futuro dizer que assim fomos n’os. Blogs estao ai para serem testados da melhor ou pior maneira e com certeza ‘e uma boa quando se encontra algo de qualidade, “ja valeu a pena passar por tantos ruins”. ‘E como acontece tambem com as situacoes da vida!
Acredito que fazer arte pacifica o homem, logo, imagino que o poder desabafar deixa o mundo mais informado e tambem mais tranquilo. A informacao dos blogs chegara ao cansaco.... como o dia do juizo final, os blogs ganharao uma definicao, um resultado e finalmente o porque de ser.
domingo, 10 de outubro de 2010
Livros, se lê-los por que não tê-los?
sábado, 9 de outubro de 2010
Declarações
É uma segunda-feira de um sol indecente. O Rio de Janeiro continua vasto demais, cheio de esquinas e subterfúgios. Ainda vou odiar essa cidade, escreva aí no teu diário das minhas invenções, escreva, anote.
Meu corpo silva a tua falta. A lâmina da saudade corta nacos da minha carne: minha boca, meu dorso, meus pés, meus seios. Meus eixos. O apartamento vazio faz brotar um dragão vermelho e cheiros de urros e labaredas que vão tomando conta do meu desespero e que se controla com doses vulgares do que fomos, do que estamos, do que não fazemos a menor idéia (e nunca sei se essa é a melhor parte ou se é o que me deságua). Ele me co-habita, o dragão, e assiste comigo os filmes que não vimos juntos e os livros que não compartilhamos. E se ajeita no sofá, me morde as têmporas e queima meu tempo. É um bom dragão e adormece enquanto eu conto a nossa história cristalina, límpida e de final infeliz. Mas ele não chora porque diz que as lágrimas secariam como cera e formariam um dossel encantado, e nenhum encantamento merece a aflição dos meus dias sem você.
Sou sempre viúva, visto negro. Mas não tenho medo algum da solidão, veja você que avanço. Converso com cada um dos homens que tive, com cada um dos que terei, e lamento com eles que teu nome esteja tatuado em mim de maneira tão devassa, impudica. Todo rastro é lastro quando teu nome é o meio e nenhuma dor jamais será tão digna dessa cor vermelha, vermelha escaldante. "Minhas páginas estão marcadas, dear, se você quiser será assim", eu direi, e um ou outro tresloucado vai aceitar essa troca pouco justa e vai ter meus afetos com uma profundidade que não. E ele vai acreditar, e vai se entregar, e vai assentir, e vai renegar, e vai retrair, vai se machucar, e vai indagar. E vai me odiar. E eu vou te amar ainda mais em cada possibilidade com outro som, outro gemido, outro toque, outro corpo. Você é eterno e eu que defino o tamanho da minha vastidão. Eu. Mais ninguém. E nisso, cherry, nem você apita.
Não, não, eu não serei uma daquelas pessoas que tomam café com creme sozinhas no cinema enquanto esperam a sessão. Tampouco serei uma moça de cabelos molhados que mais olha para o chão do que para os outros entre estantes de uma livraria. Também não vou ter ares de pequena loucura, olhos fundos deitados sobre um livro, uma folha branca sendo preenchida enquanto um copo é esvaziado em algum restaurante quase chique da zona sul (tão digno de mim que indigna de tudo!). E nem me imagine como uma distinta senhora de cabelos brancos e óculos de aros vermelhos a dourar a pílula da vida alheia - sublimando os desejos que nascerão entre as minhas vírgulas - quando chegar a tarde dos meus anos todos. Não tenho fôlego para viver assim, aos poucos, pela tangente, você sabe. Vou seguir o roteiro que eu tão bem tracei, vou vestir a personagem e seguir bailando: mãos na cintura, olhares lascivos, risadas largas e tiradas de humor dúbio. Eu, elas e eles, todos. Porque eu sou mesmo muito boa em fazer amor, amigos e macarrão instantâneos.
Meu corpo silva a tua falta. A lâmina da saudade corta nacos da minha carne: minha boca, meu dorso, meus pés, meus seios. Meus eixos. O apartamento vazio faz brotar um dragão vermelho e cheiros de urros e labaredas que vão tomando conta do meu desespero e que se controla com doses vulgares do que fomos, do que estamos, do que não fazemos a menor idéia (e nunca sei se essa é a melhor parte ou se é o que me deságua). Ele me co-habita, o dragão, e assiste comigo os filmes que não vimos juntos e os livros que não compartilhamos. E se ajeita no sofá, me morde as têmporas e queima meu tempo. É um bom dragão e adormece enquanto eu conto a nossa história cristalina, límpida e de final infeliz. Mas ele não chora porque diz que as lágrimas secariam como cera e formariam um dossel encantado, e nenhum encantamento merece a aflição dos meus dias sem você.
Sou sempre viúva, visto negro. Mas não tenho medo algum da solidão, veja você que avanço. Converso com cada um dos homens que tive, com cada um dos que terei, e lamento com eles que teu nome esteja tatuado em mim de maneira tão devassa, impudica. Todo rastro é lastro quando teu nome é o meio e nenhuma dor jamais será tão digna dessa cor vermelha, vermelha escaldante. "Minhas páginas estão marcadas, dear, se você quiser será assim", eu direi, e um ou outro tresloucado vai aceitar essa troca pouco justa e vai ter meus afetos com uma profundidade que não. E ele vai acreditar, e vai se entregar, e vai assentir, e vai renegar, e vai retrair, vai se machucar, e vai indagar. E vai me odiar. E eu vou te amar ainda mais em cada possibilidade com outro som, outro gemido, outro toque, outro corpo. Você é eterno e eu que defino o tamanho da minha vastidão. Eu. Mais ninguém. E nisso, cherry, nem você apita.
Não, não, eu não serei uma daquelas pessoas que tomam café com creme sozinhas no cinema enquanto esperam a sessão. Tampouco serei uma moça de cabelos molhados que mais olha para o chão do que para os outros entre estantes de uma livraria. Também não vou ter ares de pequena loucura, olhos fundos deitados sobre um livro, uma folha branca sendo preenchida enquanto um copo é esvaziado em algum restaurante quase chique da zona sul (tão digno de mim que indigna de tudo!). E nem me imagine como uma distinta senhora de cabelos brancos e óculos de aros vermelhos a dourar a pílula da vida alheia - sublimando os desejos que nascerão entre as minhas vírgulas - quando chegar a tarde dos meus anos todos. Não tenho fôlego para viver assim, aos poucos, pela tangente, você sabe. Vou seguir o roteiro que eu tão bem tracei, vou vestir a personagem e seguir bailando: mãos na cintura, olhares lascivos, risadas largas e tiradas de humor dúbio. Eu, elas e eles, todos. Porque eu sou mesmo muito boa em fazer amor, amigos e macarrão instantâneos.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Viagem insólita
Blogs são divãs (o meu é d'Ivan, ok?) onde o analista não é um só, são muitos, alguns conhecidos, outros desconhecidos, alguns preparados para lidar com o exposto, outros não. É uma exposição buscada, sem dúvida, mas é preciso preparo para quem escreve e para quem lê. Não é tudo que nos agrada, mas também não é tudo o que escrevemos que agrada aos demais. Penso bastante nisto! De certa forma dou continuidade ao tema da minha outra postagem, onde falei da ida à livraria. Toda arte é via de mão dupla. Se não for, não é útil. E nem sempre é, ou nem sempre pra todo mundo. O que é bom ou ruim? Tenho meus conceitos e convicções e os sigo metodicamente, mas sem menosprezar (ou sem tentar menosprezar) os gostos duvidosos (às vezes muitíssimos duvidosos) dos "artistas"... Permitam-me as aspas, não consigo fugir da acidez da ironia.
Meio de semana, três canecas de chope alemão depois, algumas salsichas de vitela com ervas, coisa deliciosa. Arte da culinária, arte da degustação. Mas e pra quem não come carne ou não toma cerveja, haverá alguma "arte" nisto? Haverá algum prazer?
Prazeres ou a ausência deles são de foro íntimo. A busca por ele é constante e frenética. Porque um suposto deus nos teria criado com desejos se tivéssemos que refreá-los? Há uma grande contradição entre os pregadores religiosos (hipócritas?) e a real natureza humana. O prazer e o pecado são invenção de controle, úteis às igrejas, aos meios de comunicação e à conciliação de ambos. Pecado! O que seria isto? O peso de consciência de cada um tem sua medida. Livros sagrados, padres, pastores, rabinos, gurus tentam definir o que é certo e errado. Só consigo enxergar uma coisa plausível: onde termina meu limite e onde começa o do vizinho e o quanto posso ou não fazer uma intersecção com este limite. Há de haver concessão. Daí bom e ruim, bem e mal, virtude e pecado caem todos, conceitos fracos que são, pelo solo argiloso e ardiloso da teoria da relatividade.
E = m . c²
Sim, estou divagando e deixando fluir a livre associação tão cultuada na psicanálise. Nossa mente não nos leva de um lugar a outro por mero acaso. O acaso existe onde achamos haver destino e o destino inexiste (e é puro acaso) onde achamos haver determinismo. Este mundo é mesmo contraditório. Talvez esteja aí um pouco do seu tempero. Que seria de deus sem o demônio? De que nos teria que salvar? Não precisaríamos de um deus. A luz não faz sentido sem as trevas. O que haveria de a luz iluminar se não houvesse trevas? Maniqueísmos que predominam no inconsciente individual e/ou coletivo.
E meu blog, é bom ou ruim? Há todo um degradê. A questão, penso, pelo menos é o que penso neste momento... A questão está em saber em que região deste degradê, em que ponto entre os extremos maniqueístas está a fórmula mais adequada a cada tempo. O que foi bom antes pode já não ser mais. O que foi ruim antes agora pode ser "Cult". Mentes complicadas que mentem até para nós mesmos.
Esta postagem é apenas uma viagem, pegando carona na viagem postada pela Vanessa, sobre o que nos faz viajar e o que nos faz ver qualidades ou defeitos para nos fazer viajar, flutuar, criar, viver, ousar. Lanço interrogações e nem quero ousar respondê-las... Ficam aí a flutuar. É bom que venham respostas, tentativas de respostas, concordantes ou discordantes, e mais interrogações, até, pois é o que nos faz pensar, avançar, ser, viver até morrer. Morrer? Que é morrer? Fica para uma nova viagem em uma outra quarta feira. Enquanto isto, na medida do que der, vou lendo, vou escrevendo, vou ouvindo novas e velhas músicas, vou amando e odiando, vou tentando ser mais, ainda que às vezes sinta ser menos. Vou me permitindo ser coerência e contradição e tudo o que houver entre isto. Até outra quarta.
Pintura:
Jangada de Mèduse - Théodore Géricault
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
O que te faz viajar?
Um dia, na plat'eia de um bal'e, a orquestra toca ao vivo. Nao 'e apenas a emocao, de arrepiar. 'E o prazer do pensamento que acorda como um formigueiro na mente, tendo visoes e querendo ser a arte no dia a dia. Dou conta da loucura que 'e a vida e das delicias que nos fazem represent'a-la, recri'a-la ou provoc'a-la. J'a passa do tempo de acordar e, caneta e papel sao os elos para inspiracoes. 'E como estar adormecido e acordar cedo, perceber que 'e possivel viver diferente. 'E pensar que aquela ideia 'e obvia e querer fazer parte daquela hist'oria. Ou ainda querer interagir com novas e proprias versoes.
Ao experimentar a arte, essa sensacao 'e extasiante, e eu jamais soube se este 'e o motivo de as pessoas estarem na sala do cinema ou do bal'e etc. Acredito que sim, pois 'e o motivo de eu voltar. Mas quando sou surpreendida e me pego viajando com algum artista, sinto a vida l'udica ao consumir boas producoes de livros, filmes, dancas e cancoes.
Deixo aqui a questao sobre o que te faz viajar!?