Escrevi um livro de mentiras. Publiquei-o.
Na noite de autógrafos, uma senhora se aproximou de mim, com meu livro em mãos, e perguntou-me: “Que razão você me dá pra eu comprar este livro?”.
Eu não sabia o que arrazoar. Ela continuou: “Porque já que este livro é uma mentira, qual a razão para eu comprá-lo?”.
Então lhe disse: “Não há razão por que comprá-lo”. Ela pareceu aliviada, mas duvidosa. “Porque não há razão na vida”.
Ela, naturalmente, atarantou-se. Não com a madureza infesta com que lhe redargui, mas com a imponência poética da mesma.
Deu-me o livro que o autografasse e, colocando-o debaixo do braço, conferiu lugar ao próximo leitor.
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