quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Do outro lado da língua



O teclado era meu amigo fiel de todos os dias, com o humor de acordo com minha vontade a qualquer hora. Meu teclado me acompanhava até mesmo nas madrugadas em claro, quando eu resolvia deixar para dormir durante o clarear da vida. Ele tornou-se meu melhor amigo, talvez um filho, uma máquina que eu abraçava com amor e guardava bem próxima ao meu travesseiro. Tudo era circular até eu resolver transformar minha morada e mudar de país. Deixei esse amor da vida e parti sozinha por um período de adaptação longe do plano virtual.

Minha vida passou a ter mais caminhada e menos cadeiras para sentar, na Irlanda. Em algumas horas de sobra, eu ganhava minutos para a nostalgia da web. Foi quando percebi que a qualidade do tempo com a palavras tornou-se risível. Perdi também pontos, acentos, cedilha. Para poder manter meus textos em um blog sobre a língua portuguesa, resolvi esquecer dos erros e dar vantagem à publicação do conteúdo.

Talvez, a mesma forma encontrada para a sobrevivência entre a língua estrangeira (que é meu caso nesse país de língua inglesa, com todos os erros, sem preposições, com ordens invertidas ou sotaques de todo o mundo), assim também meu texto em português consiga ser entendido pelo contexto. Lembro-me da preocupação com a perfeição das palavras!

Agora, finamente estou tentando acertar as duas línguas em um novo teclado, adquirido após a experiência da saudade de casa, das palavras, das redes infinitas da Internet. Meu pequeno novo companheiro, daqui deste lado do Oceano, talvez trará textos incertos como este, pensamentos duvidosos, creio que me salvará de certo emburrecimento com a distância total do idioma do Brasil. Agora, sinto-me mais completa e acolhida por estar mais perto dos brasileiros, e quem sabe, talvez seja a hora de abrir uma porta para a comunicação com todo o mundo.

Estou de volta com mais intensidade neste blog a partir deste dia que ganhei meu novo amigo de 10.1”.

Um comentário:

  1. Singela sua crônica, minha cara. Apreciei-a deveras. Realmente, em outros textos seus, não havia a acentuação adequada. Mas cuidei mesmo que fosse por causa da digitação, que lhe impedia de fazê-lo corretamente. Ainda assim, podia compreender suas palavras. E essa interaçãoo linguística é coisa ótima.
    Grande abraço,

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